sábado, 27 de dezembro de 2008

2 em 1...

Onde é Natal ...Ou Simplesmente...Como se comemora quem se é


Passei todos os Natais de que me lembro na casa dos meus tios-avós. Se algum Natal houve longe de lá, não ficou registro... Desde a árvore verde de laços prata, bolas de vidro coloridas e mini-lâmpadas que precisavam ser testadas uma a uma quando o pisca-pisca não acendia, até a árvore maior do que eu que comprei há oito anos.... Desde o tempo em que se reuniam algumas dezenas de pessoas com muito foguetório – que eu sempre detestei – até restarmos uns poucos de nós, alguns anos mais silenciosos do que outros. Eu sempre estive lá e, comigo, meus pais, meus irmãos, meu tio-avô e minha tia-avó.

Desde os tempos em que a ante-véspera era de embrulhar uma quantidade industrial de presentes, em que a véspera era para acordar às sete da manhã já com cheiro de assado e cair de sono na escadaria da calçada esperando o papai noel que invariavelmente me passava a perna... Desde o presépio armado no campo de futebol de botão até a minha produção holliwoodiana versão 2001... Desde a chegada do Papai Noel no Clube Atlético de Sorocaba. Eu sempre estive lá, na casa comprida de assoalho brilhante rescendendo a cera, eu sempre estive lá e, comigo, meus pais, meus irmãos, meu tio-avô e minha tia-avó.

Desde quando eu era admitida no interior do opala do Tio João, para ouvir rádio com os primos mais velhos, na frente de casa, com janelas abaixadas para espantar o calor até a meia-noite chegar... Eu sempre estive lá, observada pelos mesmos posters na parede, que me viram ganhar balde de praia em formato de peixe laranja três décadas antes de haver um Nemo, que me viram de óculos com lentes fotocromáticas segurar uma Susi nova, até o meu primeiro presente de Natal de adulta... Eu sempre estive lá e, comigo, meus pais, meus irmãos meu tio-avô e minha tia-avó.

Desde quando eu andava de skate no corredor até ser a responsável pela ceia e bebidas. Da Coca-Cola ao espumante e pró secos. Desde quando todos dançavam ao som de Frenéticas ou dos melhores sambas enredos, desde quando ficávamos tontos de fome esperando a hora da ceia, desde quando os tios ficavam bêbados e faziam declarações de amor à família e revelavam podres impensáveis, eu sempre estive lá. Desde as orações até os porres homéricos...Desde quando meu tio-avô sentava no banco de lona do lado de fora da casa para fugir da bagunça, desde quanto havia besouros nos postes de luz. Eu sempre estive lá e, comigo, meus pais, meus irmãos, meu tio-avô e minha tia-avó.

Desde o vestido vermelho com calcinha de renda franzida e indefectíveis botas brancas ortopédicas, eu sempre estive lá. Desde quando minha tia-avó chegava ao fim da festa sem ter comido mais do que dois ou três salgadinhos, desde quando havia uma cordilheira de louça para lavar... Desde quando na casa havia cachorros que se escondiam no galpão de medo dos rojões, desde quando no outro dia havia churrasco e boia de pneu no Laranjal. Desde quando eu não tinha idade para ter namorado e até pensar em algum dia de ter marido, desde sempre. Eu sempre estive lá e, comigo, meus pais, meus irmãos, meu tio-avô e minha tia-avó.

E eu acabo de perceber que, não importa onde eu ou eles estejam, no Natal nós sempre estaremos lá, eu, minha mãe, meus irmãos, agora meu filho e nora e meus tios-avós, para sempre.




*************

(Retrospectiva)

Em 2008 me encontrei profissionalmente. Em termos de trabalho, conhecimento e reconhecimento, talvez tenha sido o melhor ano da minha vida. E o melhor ainda está por vir, com certeza!

No campo afetivo, vivi uma aventura rápida...E, reencontrei aquele que me faz respirar e suspirar encantos.
Esse ano foi extremamente importante para eu cuidar de algo que estava de escanteio na minha vida: EU!

Li alguns bons livros, estudei mais, conheci novos lugares e muitas pessoas, aprendi muita coisa...
Mudei de casa, reformei o quarto, comprei móveis novos, mudei de país, retornei ao país, e vivendo uma ponte aérea que me traz a sensação de que a vida é pura e simplesmente uma questão de escalas.
Voltei a malhar, parei de malhar, e segunda-feira(dia 05/01/2009) volto à academia.

Parei de blogar, voltei a escrever...

Fiz novos amigos e voltei a conviver mais com os antigos... Larguei um velho vício [refrigerante] por sete meses, em compensação nenhum vício novo foi adquirido. Passei por um check-up.

Fiz outra tatuagem...

Enfim...Apesar dos pesares, eu diria que o ano de 2008, apesar do meu retorno conta-gotas, ou ficar aqui somente olhando daqui de cima do coqueiro, foi 95% SENSACIONAL.

E que venha 2009!!!

Feliz Ano Novo!





Até dia 05 Pessoal...E, sem escalas...