domingo, 25 de janeiro de 2009

Terminado; pero no mucho

Daqueles amores que se acabam, mas nem tanto; de olhos que não podem se cruzar apesar de...



Desconfio dos amores findos que não se pode olhar nos olhos, desconfio das histórias terminadas que não podem ser lembradas, desconfio dos romances exauridos que sempre deixam um gosto amargo na boca. Que amor findo é esse do qual se tem que desviar os olhos? Que história terminada é essa que a lembrança dói tanto? Que romance exaurido é esse do qual não se pode falar? Tudo isso me soa a fantasma à solta, a esqueleto no armário, à sujeira bem mal disfarçada debaixo do tapete.

Amor resolvido é amor absorvido e absolvido, superado e fagocitado, que passa a fazer parte de nós e não se comporta como um espinho encravado prestes a inflamar, ou uma bomba prestes a explodir na nossa cara... Por mais triste que tenha sido o desfecho, ou a gente pensa e digere, ou segue sendo atormentado por isso para sempre.

Amor findo a gente senta e toma chope, ou pelo menos cumprimenta com sorriso, ainda que amareladinho. Não atravessa a rua, não sai correndo, não se esconde no banheiro, não bate telefone na cara.

Ou se resolveu, ou não.

Se não, melhor do que fugir feito o diabo da cruz, enterrar a cabeça na areia feito avestruz, andar por aí com a cabeça enfiada num capuz, o melhor é se conscientizar que não passou e parar de chamar urubu de meu louro...

Enquanto a gente finge que não é conosco, os fantasmas continuam arrastando correntes pelos corredores e perturbando o nosso sono...

Enfim, será que foi tão bom enquanto durou?