Quando é, a gente sabe... Por mais estranho, inadequado, anacrônico, inconveniente, inoportuno, inconciliável, impensável, contraditório, irresponsável, injusto e até errado, quando é, a gente sabe...Sabe com as mãos, com a planta dos pés, com as unhas de cada um dos dedos, com os cabelos da nuca, com os músculos do peito, com o ar perdido entre o pulmão e a boca, com os cílios, com as pálpebras, com a língua.
A gente sabe, simplesmente sabe...
A gente sabe porque naquele momento desertamos de tudo e no entanto nunca estivemos tão presentes em nós mesmos, nunca tudo ao redor pareceu tão certo, tão inexoravelmente irrepreensível e nunca fez tanto sentido: finalmente, a ordem e o sentido perfeitos e insuspeitos das coisas.
Não é algo definível e ninguém mais é capaz de apreender este instante; Explicar, racionalizar, achar causa, definir, conceituar...Aquele momento é e se basta.
Nunca estivemos tão perto e tão desgraçadamente longe da perfeição e levaremos aquilo para sempre em nós como uma sina, um castigo perpétuo, uma eterna bênção, uma sagrada cicatriz... Aquele instante de abandono e felicidade, gratuito, inesperado, surpreendente, onde nem certezas são necessárias, onde as palavras tem outra cor, onde tudo é felizmente definitivo e incontestável.
Ninguém mais entende o que vislumbramos e o que passaremos a vida toda ou felizes por termos tido a coragem de viver, ou nos tentando convencer de que não era para ser - para lá no fim nos darmos conta de que era, claro..
E a gente sabia.
Crônica inspirada na história da minha querida doce amiga xará Tânia Barros...
Beijos querida Xará!!!