quinta-feira, 3 de abril de 2008

Margarina Não...Manteiga Talvez...

Eu não sei bem quando, em que altura do campeonato (mas tenho uma vaga idéia de que foi alí pelos vinte e poucos, coincidentemente com a semi-independência financeira) que a coisa do “eu me viro muito bem sozinha, obrigado, muito melhor do que com a família esquizo-neuro-pato-problemática”, apareceu, enraizou e deu no «muito melhor estar por minhas próprias pernas, deus me livre dar satisfação, a opinião de vocês não me interessa nenhum pouco, cada um com seus problemas, deixem-me em paz e isso já está bom demais»...
Claro que também coincidiu com isso a coisa de que muito melhor é escolher a própria família, que nada tem a ver com laços de sangue e de relação imemorial, tem amigo que é muito melhor que parente (o que continua sendo verdade), e que a gente não só é muito mais feliz à parte do clã, como isso é substancialmente potencializado...Só que...não. Não! Possivelmente essa conclusão seja uma mostra irrefutável de envelhecimento, o que é bem provável, dados aos quase 40 anos que vêm se estampando devagarinho nas pseudo-rugas do rosto e na inconsistência das carnes, mas o fato é de que eu estou cada vez mais certa do contrário...
Família não tem nada daquela coisa de comercial de margarina ou de condomínio verde no subúrbio... Pensando bem; somos, realmente, anormais se vistos de perto... Cada um em sua pequena célula social cheia de amor, conflito e rancor, dor e sadismo...Somos realmente a extrema danação uns dos outros, o caminho mais rápido para a culpa, o lugar onde podemos ser atingidos mais cruelmente nos pontos mais fracos (porque é exatamente neste mesmo lugar que eles se formam aquém do que deviam ter)... Mas somos mais que isso...
Somos uns o alento e o refúgio dos outros... Somos uns para os outros o exemplo vivo e concreto do que é possível fazer com aquela cadeia de DNA e aqueles valores morais com os quais fomos forjados e esculpidos... Somos um para os outros a certeza última de que não estamos sozinhos, nem na desesperança, nem na força e na coragem de seguir adiante... Somos um para o outro o espelho que apavora e regozija, mas que – felizmente – reconhece como parte de algo que não se esgota nem em você, nem no outro, mas vem de um tempo impreciso e ficará aqui por sabe-se lá mais quanto, independentemente de isso ser uma bênção ou uma praga e, nisso sim, temos nosso quinhão de responsabilidade.
Ter uma família é isso... Biológica ou não, dentro ou fora dos padrões convencionais, cada vez mais eu acredito que a família é, sim, o que nos traz até onde chegamos e o que nos possibilita pensar que podemos ir além, fazendo igual, ou tentando fazer um pouquinho diferente...
E o melhor: juntos.


OBS.: Sim, muito provavelmente isso é efeito da ausência de Zildinha; que insistiu em dois meses de férias no Ceará. Dêem o devido desconto por favor.

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