sábado, 23 de maio de 2009

A Caixa Mágica

Suspeito secretamente que minha capacidade em administrar meu tempo esteja na geladeira; aquele tempo em que podia me desdobrar em mil de forma ágil, preciso e dinâmico; tempo que repousa serenamente em algum compartimento...Que eu ainda não consegui perceber.
Talvez junto aos ovos, quem sabe, na parte dos legumes; ou ainda, no congelador. Mas sei e acredito que encontra-lo seja somente uma questão de tempo...Afinal, tenho me empenhado arduamente nessa busca...

Toda vez que penso em tempo, meu primeiro impulso é a geladeira; E, se eu fosse mais platônica, o procuraria no mundo das horas, ou quem sabe no tempo livre; quando este sobra, é claro!!!Mas o meu tempo anda pelo concreto; ou será que anda nos doces,nas frutas e nos frios?

Algumas pessoas denominaram a televisão como a "caixa mágica" do século XX; não sei, acho que este título deveria ir para a geladeira. E, não estou falando dessas máquinas modernosas que servem gelo e água sem que seja preciso abrir a porta; muito menos daquelas que podem ser conectadas à Internet, ou aquelas que avisam a falta do leite, da carne ou do molho tártaro. Falo da boa e velha geladeira que alivia discussões familiares, conforta gente triste e solitária, guarda aquele pedacinho de bolo da festa de agora e de ontem, ou pizza de anteontem... E vejam só, produz tempo!

Falo da geladeira nossa de cada dia, cheia, vazia; da geladeira do solteiro, ocupada basicamente por caixas, vidros e embalagens plásticas; da geladeira aberta a toda hora; das que são visitadas apenas de manhã e de noite; da que é assaltada de madrugada; da geladeira que agüenta de tudo no congelador até que o dinheiro dê para um freezer, da geladeira que só tem garrafa d’água, da geladeira que tem tudo, menos água...

Geladeira não precisa nem ter o designer estilo clean...Que venham as vermelhas, as beges e as azuis! Pode ter pingüim em cima, ou não. Copo com água e um olho de boi, porcelana com versículo da Bíblia, alguns remédios que devem estar sempre à mão, meia dúzia de bijuterias tiradas a caminho do banho; afinal você é o que você põe em cima da geladeira; E, na frente também, tamanha a variedade de ímãs decorativos que existem por aí. A estética da geladeira é incomensuravelmente livre.

Geladeira que se preze tem mais que alimentos ou bebidas. Tem superbonder, água boricada, soro e, no calor, pasta d’água. Já ouvi gente dizer que seca o esmalte das unhas no congelador...
Sei que não devo, mas na urgência apelo à parte de trás da querida máquina para secar meus tênis e sapatos..E se querem saber, li num desses livros de quebra-galho que as meias-calças, se congeladas, duram mais.

É por essas e outras que continuo suspeitando encontrar meu tempo perdido por aí... Tomara, no meio dos doces...


Nota: Publiquei este texto pela primeira vez em abril de 2003, e nunca na minha vida esteve tão atual.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

You Make Loving Fun

Olá, aqui é sua alma gêmea... Sim, sou eu, aquela pessoa especial que só existe neste mundo para complementar você; a sua cara-metade, a tampa para sua panela; a pessoa mais importante que você pode ter ao seu lado na vida... Aquela pessoa. “A” pessoa.
Eu. Moi. Me. Enfim, acho que você já entendeu...

Estou lhe escrevendo porque estou muito, muito preocupada com a sua demora em me encontrar...E, essa demora está me matando. Sabe eu quero realmente acreditar que o destino irá nos unir no final, embora nem sempre esteja muito segura disso...
Você não está ajudando muito, alma gêmea. Não está.

Sabe aquele dia em que você não esperou a moça do caixa lhe entregar a nota fiscal, e saiu correndo pro cinema? É uma pena… se você tivesse esperado, perderia segundos importantes do seu tempo, você não conseguiria driblar o trânsito, o que faria você chegar atrasado para a sessão... Ficaria do lado de fora, inconformado... E iria me encontrar, tão inconformada como você. Nós reclamaríamos do cinema, do trânsito, falaríamos de como é difícil encontrar filmes bons e dos boatos sobre o sexo dos artistas. Acabaríamos num café charmoso do centro, agradecendo por termos perdido o cinema e encontrado um ao outro. Mas…

Você não esperou a moça do caixa! Não esperou! Como pôde? Você não quer me encontrar? É isso?

E a academia que você foi fazer? Errado! Muito errado! Se tivesse feito pilatos, teria me encontrado. Eu estava lá, na mesma academia... Poderíamos ter feito muitas coisas juntos. Fazer os alongamentos, descobrir onde nossos corpos poderiam ir...ah sei lá. ainda tenho o kama sutra guardado...Poedriamos re-posionar nossos caminhos... Mas não. Você quis fazer boxe... E eu quis um caso com o professor, que era um gato, achando que, dessa vez, era você. Só que não era...

Sabe aquele dia chuvoso, em que você saiu sem o seu guarda-chuva? E se eu estivesse passando por você na mesma calçada, preocupada com a chuva, e você tivesse como oferecer abrigo para mim? Você não pensa nisso, não é? E se naquele dia fosse eu quem estivesse de guarda-chuva para dividir com você, você não pode sair de casa com ele! Ou seja: saia de casa com guarda-chuva, sempre. Ou não, dependendo do dia. Você me entendeu.

Estou perdendo a paciência. É tudo tão aleatório… Você está lendo isso numa lan-house? Olhe pra trás, pode ser eu. Tcsss… errou de novo. Alma gêmea, não demore.

Olha lá, o professor da academia atravessando a rua...


sábado, 9 de maio de 2009

Questão de Tecnologia...

Minha mãe ganhou um computador. Todo caprichado, bom de memória, bom de hd, tem webcam, caixas de som e microfone, grava e lê tudo que é dê(cd,dvd)...
Em resumo um baita dum PC

- Tânia Regina, tem uma letrinha aqui que cismou de entrar aqui e não sai de jeito nenhum...
- Aperta o delete mãe...
- Cadê o delete?
- Esta ali mãe no mesmo lugar que mostrei faz 10 minutos...
- Este aqui?
- Não mãe este é o enter.
- Cadê a bosta do delete.
- Aqui mãe, ta vendo no mesmo lugar...
- Mas não era aqui o enter?
- De novo mãe, o enter é este maior aqui, que vc disse que era um quadrado faltando um pedaço...
- Este computador é bom mesmo Tânia Regina, estou achando ele meio mixuruca...
- Não é não mãe ele é muito bom, é que vc ainda não tem muita experiência, mas logo logo aprende.
- Também tenho cada professor porcaria...
- Empatamos mãe, pq eu estou tendo uma aluna chata que não tem paciência e ainda ofende quem esta tentando ensinar...
- Thiago, Diego vem aqui ensinar sua avó...
- Ah eu já tentei ...
- Eu tambén e ela fica dizendo que estou ensinando errado...
- Faz assim mãe continua escrevendo, quando a sra acabar eu envio...
- Mas isto eu já sei fazer...
- Ok então faz sozinha ;
- Tânia Reginaaaaa corre aqui, eu aia enviar o e-mail e sumiu tudo...
- (suspiros) O que vc fez depois de escrever mãe?
- Nada.
- Como nada? Nada o que mãe? Computador não faz nada sozinho mãe...
- Eu só coloquei aquela flechinha ali e apertei...
- Ah mãe então você enviou, viu como é fácil?
- Mas eu ainda não tinha acabado de escrever tudo o que eu queria...
- Então por que vc enviou mãeeeeeee?!?

Após alguns minutos de puro silêncio..

- O que esta capslock faz?
- Já te falei mãe, maiuscula e minúscula...
- Não tinha um nome mais simples, capslock, capslock...
- Mãe querida vamos batizar com outro nome então...
- Escreve um nome que vc queira e eu colo em cima, que tal?
- Tânia Regina me respeita, só por que você sabe mexer, estou apredendo...
- Que nada mãe, eu por exemplo batizei o bluetooth de bosta pq nunca encontro o dispositivo ligado...
- Ai Tânia regina só vc mesma...

Minutos e minutos depois..

- Pronto acabei, envia para seu irmão pra mim...
- Mas vc disse que sabia enviar...
- É que estou com preguiça...manda logo esse e-mail pq seu irmão esta lá em Bruxelas...
- E o que tem isto mãe?
- Ah sei lá quanto tempo leva pra chegar lá...

Minha baixinha é um barato, mas esta eu não irei ler para ela, como sempre faço ao publicar um texto...É capaz de ficar brava...Ainda mais chamando de baixinha...E só porque ela que só tem 1,49...ops!!!

Tá mãe vc não é baixinhaaaaaa

terça-feira, 5 de maio de 2009

My name is Montfort, Brigitte Montfort

A imensa maioria das pessoas gosta de viajar e gosta muito... Confesso que não lembro de ter ouvido alguém dizer que não gosta; Mas os motivos pelos quais as pessoas se lançam rumo ao desconhecido, para ficar dias e dias longe da sua casa, seus pertences, sua família, seus bichos, suas referências, suas culturas varia muito... Tem gente que viaja pra fugir; Fugir do trabalho, dos números de telefone alcançáveis, dos filhos, dos pais, do cônjuge, da vida que vive...Tem quem viaje para conhecer coisas novas, culturas, jeitos de levar a vida... Tem quem viaje para se instruir, aprender, absorver...Tem que viaje a trabalho...

Eu viajo para brincar de princesa, odalisca, espiã... é verdade... Cada vez que eu arrumo a mala - e quanto mais longe eu vou, quanto mais distante do meu mundo é meu destino - mais me vem essa mesma sensação dos 4 ou 5 anos de idade...Eu pequena e magrinha, dentinhos de leite dentuços, pernas de tico-tico, cabelo escorrido, vestindo o meu vestido deslumbrante (geralmente camisolas do enxoval da minha mãe), colocando a minha coroa (o que houvesse de flor em casa), ou meu véu (um toalha), ou meu disfarce, e me tornando a princesa de um reino distante, a odalisca mais bonita do harém, uma espiã poderosa que vai salvar o mundo, uma brincadeira onde eu era eu e era outra, de outro jeito, em outro lugar...É assim que eu viajo.

Viajo para ser outra em mim mesma; vou me conhecer de outro ângulo, vou saber como funcionam as minhas pernas em outros percursos, a minha língua em outro idioma, o meu humor em outro fuso, o meu corpo em outra temperatura, os meus olhos em outra paisagem, o meu paladar em outro tempero...

Vou ser só a essência de mim sendo outra coisa para poder descobrir o que eu nem sonhava que existia e voltar para ser um pouco mais de mim...

E, nestas minhas viagens... comigo vão sempre as princesas, as odaliscas e as espiãs.

Ah minha semana é rubra e preta...


Texto inspirado em uma viagem ao passado num delicioso bate-papo com Jens...





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Recebi a algumas semana um lindo selo de meu amigo Miguel, retribuo aqui o carinho...e repasso a todos que aqui me visitam, passam tempo, jogam jogo da velha...

Miguel receba meu beijo e carinho...


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Lê querido...lembrei de 03 cenas de filmes que me fazem suspirar:

Uma é a cena da varanda do filme a Vila entre Joaquim Fenix e Bryce Dallas Howard; Outra cena é o reencontro entre Jude Law e Nicole Kidmam no filme Cold Mountain...A cena final do filme desfile de páscoa entre Fred Astaire e Judy Garland me faz querer caminhar na chuva e finalmente Judy Garland e Gene kelly em Summer Stock...

Coloca o pijama que eu levo a pipoca...