segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Se...

Uma de minhas matérias de revista favorita foi uma enquete realizada com várias mulheres, todas com idade acima dos 35 anos, mas, evidentemente, diferentes idades. A tal enquete, como a matéria, tinha o seguinte título: O que você diria para si mesma, a título de conselho, se pudesse voltar atrás no tempo? As respostas foram as mais variadas... Lembro de uma particularmente que me chamou a atenção para algo que, confesso, não reparava. Ela disse que, se pudesse viajar ao passado e se dar um conselho, aproveitaria para chamar atenção no cuidado com as mãos, pois, não importa quão jovem e cuidado seja todo o resto do corpo, elas nunca recuperam a beleza perdida.

Nos últimos tempos, tenho pensado (devido a futuras e algumas já tomadas decisões), com alguma insistência, nos conselhos que eu me daria, se (essa que eu sou nesse exato momento) pudesse voltar atrás no tempo... E a primeira resposta que me vem em mente diz respeito aos amores...Com muito carinho, me pegaria pela mão e me diria - Ma cherie, somente e sempre, amores possíveis - e só eles... Deus sabe que me economizaria tanto tempo, energia e algumas lágrimas desnecessariamente gastas, além, é claro, de aumentar consideravelmente a lista de pretendentes.

Também me aconselharia, enfaticamente, a desmitificar o tabu do sexo com a máxima rapidez possível; E, jamais me permitiria passar tanto tempo acreditando que a primeira vez deveria ser especial, com alguém por quem estivesse apaixonada, de preferência um príncipe moderno montado num cavalo branco... Na-na-ni-na-não... Essa versão moderna e cínica de mim passaria horas me explicando, se fosse preciso, que sexo é sexo, amor é amor... E pode haver muitos elefantinhos azuis voadores em transar, em vez de fazer amor.

Se por acaso, eu ganhasse um ticket na máquina do tempo, um gesto seria questão de auto-caridade legítima: Me diria, com doçura, que o desespero podia ir embora - que um dia a guerra com os cabelos acabaria, com a ajuda de creminhos super-potentes, ideal para qualquer tipo de cabelo; E verdadeiros artistas nas artes da escova, da coloração e do corte! Claro, também me diria que um dia minha mãe ia parar de dar palpites e os visuais joãozinho, e outros inhos ficariam para trás, com a graça de Deus Pai Todo Poderoso.

Antes que eu esqueça: na tal viagem de volta haveria uma parada estratégica para eu me livrar das compras desnecessárias, não de sapatos e/ou bolsas, pelo amor de Deus, ou ao menos de boa parte deles, mas de brigas...

Putz, putz, putz. Como ia ser bom dizer - e entender - que somente algumas brigas (poucas, bem poucas) precisam ser compradas... Acredito que este conselho, talvez, fosse o mais importante para a versão mais jovem, imprudente e ranheta de mim mesma. Portanto, não hesitaria em perder quanto tempo fosse necessário para garantir sua adequada absorção... Acho que meu melhor argumento seria: daqui a semanas, meses, anos, você vai olhar para trás e se perguntar por que foi mesmo aquela briga...

Na linha dos conselhos profundos, tentaria me ensinar a ser mais tolerante... Tolerância geral e irrestrita com o outro - suas escolhas de vida, suas dificuldades, seu jeito de ser... Me diria que, muitas vezes, quando a gente escolhe, tudo o que mais quer é ser compreendido, ser respeitado, ser aceito, inclusive e especialmente quando a escolha parece errada... Me diria que amigo de verdade dá a mão, e torna essas escolhas mais fáceis, em vez de ficar de longe, recriminando, julgando, preferindo não entender que cada um escolhe do jeito que pode, a cada momento da vida... Me diria que a intolerância, por vezes, gera a incapacidade de perdoar - e é muito ruim perder quem a gente gosta para ela.

Me tornaria uma autêntica caça-fantasma, e conseguiria me livrar de todos esses fantasmas dos arrependimentos, que insistem algumas vezes querer fazer companhia, enquanto ainda não consigo reunir forças suficientes para pedir desculpas, inclusive para mim mesma.

Ah...Nada como ter um futuro pela frente...

Ps.: Ah, um conselho fútil (nem tanto, vai...) não poderia faltar: sol é lindo na adolescência e só, babe, portanto, se cuida para não passar o resto da vida implicando com estas sardas (que muitos dizem ser adoráveis) do colo.


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