quarta-feira, 30 de julho de 2008

Tenho...

Tenho medo da infelicidade branca e leve que não mostra os dentes, essa que veste o dia de um plástico transparente e lambe os nossos rostos sem que percebamos...Tenho medo da tristeza sem grito e sem desespero que nos cobre de nublado e ordinariza as cores, uma a uma, até que elas não mais se diferenciem... Tenho medo disso que invade manso e silencioso e quer estar despercebido para nos convencer que a vida é esse avesso de estar vivo, este contrário de viver, que quer ser este esgar de alívio no meio da dor inderrogável... Tenho medo de ser alfabetizada pela descrença, pelo triste, pelo esquecimento, pelo apático... Tenho medo de ficar paralízada e embrutecer calada com os olhos vazios e os braços habitados de um oco profundo, pensando que espero a absolvição do Sr. Tempo, mas um dia perceber que fui embora de mim.

Portanto...


Tenha medo...Tenha medo de que fuja de nossas mãos a delicadeza do pão, da terra, da pele e dos cabelos... Tenha medo de que deixem os nossos olhos secos do brilho do açúcar, das lágrimas, da emoção do encontro, da tristeza e da solidão...

Sim!

Tenhamos medo de que nos falte na língua o gosto de um beijo, a palavra terna, o segredo partilhado e que disso não nos reste nem a lembrança de beijos guardados... Tenhamos medo de que nos abandone do corpo o calor do abraço, a ardência do desejo, a ânsia incompleta e urgente de se entregar, de se rasgar, de se deixar invadir...

E faça deste medo um anti-escudo...Reinventemos o medo para aceitá-lo e acolhê-lo; E assim o tornemos coragem... Dispamos o medo, formidável e monstruoso, abracemos o medo; E o tenhamos somente em nós, no mais fundo de nós...Sejamos medrosos e humanos, infinitamente humanos, e nos agarremos desesperadamente à nossa humanidade cheia de dores e risos, cheia de tropeços e abismos e asas e altitudes e amplidões, cheia de vida para ser vivida do começo ao fim, de todas as formas.


Inspirado no texto "Do que você tem medo ?" da Dama de Cinzas, do Blog Confissões Ácidas

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Questão de Entendimento..

Certa vez, quando eu era pequena ( sim. Eu já fui pequena), cheguei em casa toda feliz, pedindo à minha mãe que comprasse papel crepon para fazer uma fantasia de borboleta: “É que vai ter uma festa da catapora na minha escola, mãe!”...A festa, claro, não era para comemorar pintinhas vermelhas espalhadas pelo corpo, e sim a primavera...As duas palavras tem quatro sílabas e, convenhamos, são até parecidas...

Com o passar dos anos, percebi que o trocar de letras não é um problema tão grave assim... Pelo menos, não é algo incomum...

O incrível é que as palavras são trocadas, mas o sentido permanece; Pelo menos para mim, que cresci com Zildinha me acordando e pedindo para eu me apressar e colocar o pijama (uniforme) para ir para a escola...ou dizendo:

- Vou ali na farmácia comprar pão para o café-da-manhã (padaria);

- Hoje à tarde, só tenho dois preconceitos (consultas)

- Quando a enfermeira trouxer o lanche, me acorda (aeromoça)

- O cabeleireiro lavou meu cabelo com shampoo e adoçante (condicionador)

- Eu achei o programa enquanto zapeava no computador (controle remoto)

Realmente...Nos dias de hoje o importante é se fazer entender...

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Convite...

Apaixone-se por mim...Não um amor de mesa posta, talheres de prata, toalha de renda, porcelana inglesa, terça-feira, água morna, gaveta arrumada...

Apaixone-se por mim de madrugada, passada das cinco à meia voz, ou no meio de uma tarde de chuva, rua alagada, sapato encharcado, roupa colada e amor faminto, urgente, latejante, um amor de carne, sangue e vazantes, um amor inadiável de perder o rumo, o prumo e o norte.

Não me dê um amor adestrado que senta, deita, rola e finge de morto, que late e abana o rabo, um amor quadrado que pensa muito antes de mais nada... Me ame um amor insano, felino, sorrateiro; e, assim que eu me distrair, me crave os dentes, as unhas, role comigo e perca-se em mim e seja tão grande a ponto de me deixar perder.

Apaixone-se por mim com um amor de gente, humano e, às vezes, quase triste, cheio de medo e de coragem, passagem só de ida, mãos trêmulas para toda vida, um amor de gargalhada solta e olhos úmidos, mãos dadas e beijos múltiplos, orgasmos muitos e pernas enroscadas.

Apaixone-se por mim de forma desmedida, ame minhas curvas, minha vulva, minha carne e se espalhe por meus versos, meus reversos, meus entalhes, perca-se nos detalhes, demore o quanto quiser, sem pressa...

E permita que eu faça o mesmo.


(Texto Inspirado nos Diários de Uma Capitu Surtada da Loba)


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Após muito ensaio e diversos rabiscos meus primeiros Hai-Kais estão AQUI

terça-feira, 22 de julho de 2008

São Paulo, 22 de Julho de 2008

Prezado Senhor,

Vamos falar francamente... nunca fomos muito chegados; E, que eu nunca te enxerguei nem mesmo como um senhor bonitinho que merecesse uma oração...Você e eu, Tempo, verdade seja dita, nunca nos entendemos muito bem.

Meu tempo de crescer chegou bem depois que eu já havia crescido, eu lá, cheia de corpo e hormônios no meio das meninas que já não se pareciam nada comigo; Cheia de planos e responsabilidades dentre quem disso nem queria saber...


Estava eu lá, no tempo de outro, de outras gentes, mas que viviam no seus próprios e devido tempo... Eu, na vertigem da dessincronia entre mim e ti.

Foi sempre assim, não foi, Tempo? Eu lá adiante e você aqui atrás... Eu envelhecia rápido enquanto meu corpo deveria ainda estar crescendo, adultescia mais do que os adultos ao meu redor, aprendendo os teus mais duros ensinamentos antes mesmo da vida ter me alfabetizado como deveria... Depois, mais descompasso, na tentativa de encontrar-te de volta, no elementar, no básico, você já havia me ultrapassado... Eu em busca do tempo de ser cuidada, e você muitas vezes já não me dava mais este direito. Na maioria das vezes apenas apontava de lá teu dedo implacável da auto-suficiência, enquanto eu menina que não sabia o que fazer de mim...

Nunca entendi tuas certezas, Tempo, nem o tempo das certezas dos outros... Sempre estive meio longe - ou na instantaneidade do óbvio, ou na intransponibilidade da ausência...Sempre eu, na inadequação cronológica... Sempre eu, muito cedo ou muito tarde... Sempre eu, intempestiva.

Por isso venho a você, Tempo, cansada de te perseguir... Peço que me ensine seu trabalho, este em que as horas não dóem, em que os instantes vivem e florescem sem peso ou bruma, em que os momentos às vezes sobrepõem os anos, mas em que os anos passam nos fortalecendo o caminhar...

Pega-me no colo, Tempo, me mostra teu rosto, me faz entender que você não quer fugir e que eu não posso te prender...


Me dá sua mão, Tempo, leva-me do teu lado...

Mostra-me de novo e de novo e de novo que não há para onde ir, a não ser estar aqui e agora, com você.

sábado, 19 de julho de 2008

Estrupícios do Meu Cotidiano...

Andava eu pelo supermercado comprando uns víveres essenciais ao meu fim de semana (cerveja, linguiça de alho, vinho, queijos em geral, coca-cola em lata, chocolate e pipoca com manteiga, por exemplo), quando escuto uma senhora falando pra outra:

- Ontem eu comi uma coisa muito boa. O nome era “estrupício”... “extravaganza”...

(Ahhhhhh Meu Deus... o que será que essa mulher comeu?)

- ... era... ah, não! Lembrei! Era “carpaccio”... Uma delícia.!

Carpaccio?!?!?! Como assim??!?!?

Cadê o estrupício?


Nota:

Sei que ultimamete tenho escrito coisas que andam acontecendo ao meu redor...Talvez tenha me aberto pro mundo, talvez eu tenha me voltado para mim mesma... Ou talvez eu tenha trocado as lentes do óculos e percebido o quanto o ser humano pode ser fascinante no seu modo de ser...

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Ps.: Ia deixar a crônica do Jabor por mais dias...Mas a vergonha que estou deste país é tanta que percebi que não vale mais a pena...Isto; não vale mais a Pena...Dar risada sim...

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Crônicas que Gostaria de ter Escrito...


Devemos beber desta água suja?

O telefone preto tocou. Era o Nelson Rodrigues. Ele me liga de sua nuvem de algodão, num céu crivado de estrelas de purpurina. Nelson se manifesta sempre nas crises - minhas e do país.

- Nelson, que bom que você ligou... estava precisando. O Brasil está um labirinto de escândalos.

- Ora, rapaz, o país sempre foi assim. Só mudou uma coisa: antes, a consciência social dos brasileiros era medo da polícia; agora, eles perderam o medo... Eu sou do tempo do ladrão de galinha, quando só tinha 3 ou 4 bandidos no país... ah... bons tempos... O Zé da Ilha, o Mineirinho, até os apelidos eram mais doces. Havia uma vaga simpatia pelos vagabundos. Hoje não; quem faz sucesso são os ladrões de casaca... Eles entram na churrascaria e são olhados com admiração. "Olha lá o gatuno!" - o executivo diz, comendo uma picanha. E o outro responde, trêmulo de inveja: "É ladrão, mas dá nó em pingo d" água! Dizem que ele tem até Picassos na cozinha..." E as santas esposas suspiram ao lado, pensando nas jóias que ganhariam deles... E ainda se viram para o marido e lhe atiram na cara: "Você não é honesto não; você é burro!!" Elas têm razão. Falta de caráter facilita a vida. Ninguém mais é honesto. A honestidade é uma úlcera que devora as entranhas como uma víbora do Butantã...

- Mas, não entendo... Nelson..os caras já têm bilhões. O Nahas já derrubou as bolsas, quebrou o mercado de prata no mundo! E querem mais?

- Rapaz, roubar é um vício secreto; no ladrão de galinha e nas grandes jogadas, vive-se a doce embriaguez da adrenalina, feito lança-perfume no Bola Preta.
- E os caras nem se escondem mais na sueter... saem de cabeça erguida..
- Claro! Ser preso faz parte do jogo. Quem ia conhecer seus feitos sem a prisão? Eles se orgulham. É um cheque-mate ao contrário, uma vitória ao avesso. A lei no país é um bálsamo. Eles se exibem feito Clark Gables, Gregory Pecks, com sorriso de pasta de dentes... se orgulham... No meu tempo, o canalha se escondia envergonhado pelos cantos ou então se ocultava atrás da "pose"... Ahhh..como era importante a "pose". A habilidade do grande ladrão era aparentar... Mesmo com um "jabá" ali, quentinho, no bolso, a pose era imprescindível. O larápio antigo tinha perfil de medalha, sorrisos concialiatórios, oportunismo disfarçado de tolerância democrática. Havia a doce volúpia de prometer e não cumprir, de trair de cara limpa. Todos fingiam a tranquila solidez de bons estadistas ou empresários.
O povo babava na gravata e berrava, dando rutilas patadas: "Digam o que disserem - ele rouba, mas faz". E faziam mesmo, quase nada, mas faziam. O povo deixava-se roubar, boquiaberto e devoto. Hoje, os viadutos morrem no ar, as placas de obras dormem no meio das caatingas. Antes, os rapineiros tinham um estranho amor pelo país que pilhavam... Sentiam-se no direito da "mão grande"... Eles se sentiam parte da tradição nacional, misturados com as florestas, com as cachoeiras... Havia uma simbiose consentida entre eles e o povo. Eles acreditavam que eram bons para o Brasil. Na mentira, o essencial é o auto-engano. Ahhh, que saudades do Lupion, do Ademar, do buraco do Lume, tantos... Roubar era uma arte, rapaz...
- Hoje é um esporte ?
- Rapaz, hoje o roubo é em girândolas (desculpe a frase) mas hoje não há autores, há cúmplices; todos são cúmplices. Antes, fulano roubava sicrano ou beltrano. Hoje, cada bandalheira se espalha como uma trepadeira de chuchus, é um jogo-da-velha com mil buracos, uma firma sai de dentro da outra, como cartola de mágico, cada ladrão tem sete cabeças, de sete cabeças saem outras sete e nunca se consegue matar a hidra. Ninguém entende nada. O povão treme dentro da própria boçalidade: afinal quem roubou quem? Ninguém entende. O não entendimento faz parte da estratégia... Pois o próprio Lula não falou que "podem investigar, que o povo nem sabe o que é dossier"? É um caso sério, rapaz....
- E como condenar alguém se todo mundo mente?
- Ninguém está mais faltando com a verdade... Isso é coisa antiga... O canalha de hoje não tem respeito nem pela mentira. Antes, o sujeito roubava e fugia para o mato. Hoje, foge para o Congresso. Você viu os deputados do mensalão? Todos querem acabar com o "foro privilegiado" e cair na justiça comum, porque sabem que lá mora a liberdade dos infinitos habeas corpus... Por exemplo, o grande erro daquele Cacciola foi fugir. Se ficasse aqui, não lhe aconteceria nada... Agora, vai ser caçado como uma ratazana grávida... prá servir de "exemplo". Mas a grande novidade na gatunagem contemporânea é o ladrão com justa causa. Existem vigaristas que dizem, de peito enfunado e testa alta: "Eu roubo porque não vou deixar aí essa grana para pagar o FMI!" E também temos os bandidos ideológicos: "Não é roubo não...", - afirmam trata-se de "desapropriação" dos capitalistas!." Você viu outro dia a comemoração dos pelegos sindicalistas no Congresso, felizes, tudo de gravata, com uísque trinta anos, ameaçando jornalistas? A ideologia absolve e justifica os ratoneiros. "Não tem nada demais pegar mais 100 milhões por ano e não prestar contas ao TCU..." - afirmam trata-se da vitória dos sindicatos sobre os burgueses que exploram o povo, pois, como dizia Lenin: os fins justificam os meios..." É assim... Antigamente, o comuna verdadeiro, o legítimo, o escocês, tinha orgulho da própria miséria. Andava esmulambado pelos cantos, filando ponta de cigarro. Neste novo governo, surgiu o desfalque em nome de Marx... que aliás está uma fera com o PT aqui em cima...

- E que vai ser de nós, Nelson?

- Isso tudo é muito bom. Está se rompendo a úlcera do país, a apendicite supurada vai furar... O Código Penal já está desmoralizado, há juízes jovens e implacáveis, a PF parece Swat de filme americano. É bom... O Brasil está assumindo a própria lepra, a própria miséria moral. E essa coisa torta, mentirosa, vagabunda é a nossa verdade. Você não quer saber qual é a verdade? É isso. Os brasileiros deviam se abaixar no meio-fio e beber desta água suja. Ela é a nossa salvação.

- Nelson... você sempre me traz esperança...

- Deus te abençõe...

(Arnaldo Jabor)


Jornal O Estado de São Paulo 14 de julho de 2008

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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Ainda o Amor...Ainda as Diferenças...

Após muita conversa, com direito a voto contrário e apelos emocionais (meus é claro), aqui em casa, decidimos que era hora de ter filhotinhos peralteando por aqui.

Luma já tem seis anos, não é mais nenhuma mocinha e precisa cruzar... Sinal verde, cio à vista, começamos a procurar o parceiro ideal; Em das muitas visitas ao Pet Shop, encontrei o moçoilo: Bruce é um Lhasa Apso lindo (pelos longos cinza e um lindo tom esfumaçado preto nos pelos das orelhas), excelente pedigree, saudável e principalmene doido para namorar (já tem 19 filhos); E, no momento, está solteiro... Perfeito.

Combinamos o dia e a hora do encontro às cegas; Uma grande decepção... Realmente perebi que ninguém manda nos sentimentos de ninguém, muito menos nos da Luma... Mesmo no auge do cio, ela não quis saber do Bruce: Rosnou, fugiu e avançou...Tentamos três vezes e nada.

O coração de Luma já tinha dono e eu não sabia... Minha cachorrinha dócil e quase obediente se soltou da coleira duas vezes para correr para os braços de Kevin, um basset-hound preto, frequentador assíduo da quadra canina...Um verdadeiro sufoco para evitar o pior, mas consegui evitar que a paixão proibida se concretizasse... Luma é do tipo mignon e Kevin possui pernas curtas e orelhas cor de caramelo que se arrastam no chão... Não imagino como ficaria a mistura com uma cachorra cujos pêlos são longos e também se arrastam no chão...

O cio passou, mas Luma não é mais a mesma... Vira e mexe, coloca as patinhas na grade da varanda e suspira, olhando para o prédio da frente, onde Kevin passeia serelepe...

É... A cada dia percebo o quão verdadeira é a frase de Pascal...

"O coração tem razões que a própria razão desconhece."


Nota: Aos românticos de plantão e futuros partidários do Kevin aviso: Sim! Eu sei que o amor é lindo. Mas, por recomendação da veterinária, não seria nem é viável o cuzamento de uma Lhasa Apso com um Basset-Hound...sendo assim...

Alguém aí conhece outro Lhasa ?

terça-feira, 15 de julho de 2008

Do que (ás vezes, quase sempre não) falta ???

Fato: Se bastasse só boa vontade e empenho, todos os relacionamentos durariam para sempre...

Digo isto porque nestes últimos dias tenho escutado muito que relacionar-se é fazer concessões, que não há relacionamento perfeito (dãh...é evidente que não) e que devemos tentar nos aproximar do que o outro espera de nós e tentar não querer algo tão diferente do que o outro pode nos dar ?!?!?!?

Mas como é que funciona? Me convenço do que não posso querer e a vontade passa? Decido que vou atender àquilo que o outro anseia e paulatinamente me metamorfoseio de livre e espontânea vontade, pirlimpimpim? Se fosse simples assim, bastaria boa vontade para que TODOS os relacionamentos entre pessoas minimamente conscientes e sãs durassem para sempre...

Afinal quantas pessoas conhecemos que querem desesperadamente que seu relacionamento dê certo, e são comprometidas com isso; seja suando a camiseta, batalhando todos os dias, fazendo das tripas coração... Mas basta? Um coração feito de tripas funciona? Não; Nem sempre...

O fato é que, ainda que existam vários pontos positivos entre duas pessoas que se gostam, há muito mais buracos...E, eles são muito mais embaixo do que possa sonhar nossa vã psicologia.

Nem todo mundo dá certo com todo mundo, muito pelo contrário, e não basta pura e simples boa vontade e trabalho duro (esqueça o trocadilho)...

Para ficar na zona dos clichês, a metade da sua laranja - e aqui friso que eu não acho que falte metade para ninguém, mas sim partes inteiras - pode não ser uma só, pode ser levemente maior e precisar de uma aparadinha; pode ser mais azedinha e precisar de açúcar; pode até parecer lima se olhar muito rapidamente... Mas não é...

E, nem nunca vai ser, um abacaxi.



Texto inspirado e dedicado para minha amiga Dora Vilela que encontrou sua metade e me faz acreditar que sim pode dar certo.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

Outras Cenas do Cotidiano...

Horário do almoço, praça de alimentação do shopping começa a encher... Ao meu lado, uma mesa vazia, com três cadeiras... Chegam para sentar a mãe, bem velhinha, e a filha, cheia de sacolas... Com autoridade de quem já é adulta e sabe o que quer, a filha aponta a cadeira para a mãe e solta: “Senta aí!”.

A velhinha, tranqüila, senta numa outra cadeira...a filha suspira sem paciência e coloca as sacolas na segunda cadeira; ainda se achando a rainha da cocada preta, solta mais uma ordem: “Espera aí que eu já volto!”...

A mãe olha em volta, deixa a moça se afastar e troca as sacolas de lugar... Consigo perceber um sorrisinho de satisfação...Afinal, mesmo velhinha, e com uma filha um tanto quanto autoritária, a mãe mostrou com esse simples gesto, quem é que manda.

Pensando bem...Antiguidade é posto; E mãe é mãe.

E ponto.

- Já estou indo mãe...

segunda-feira, 7 de julho de 2008

O Próximo Por Favor...

Sábado liguei pra filhote e nora lá pela hora do almoço e eles já estava no shopping, comprando presentes dos mil compromissos sociais que tinham neste fim de semana (casamento, festa de criança etc)... Pessoinhas lindas e super-ativas que saem de casa pela manhã pra resolver a vida!

...E eu nem sabia que sábado tinha manhã.

Mas aí de repente, papo vai, papo vem, filhote vira e fala: - Mã tenho que desligar agora, tô na fila pra pagar, tchau, tchau! Estranhei... mas tudo bem. Mais tarde, bem mais tarde diga-se por sinal, ele me contou que estava nas Lojas Americanas e tinha chegado a vez dele na fila; E que as pessoas em volta já estavam olhando feio para ele...

Aí lembrei-me como é fila das Lojas Americanas... Quando chega a sua vez, você tem que ficar tenso, totalmente ligado, prestando muita atenção naqueles 34 caixas porque, se um deles vagar, imediatamente você precisa se dirigir até lá... Rápido! Senão o caixa vai ficar gritando "caixa livre, caixa LIVRE" e aí a pessoa que está atrás de você na fila vai berrar no seu ouvido "CAIXA LIVRE! É ALI, Ó!"... Isso se você levar, tipo assim, uns quatro segundos pra se mexer...Imagine o que aconteceria se por acaso fossemos abrir a bolsa e começar a tirar coisas do tipo: "estou procurando a carteira" ...

Acredito piamante que a criação de caixas e suas filas em hipersupermegamercados e a forma como aquilo mexe com o mais calmo dos mortais faz parte de um complô genial de dominação mundial...Ou mais um daqueles planos mirabolantes e exercícios psicológicos para testar nossos nervos...Ou algum método de totura...

O Inferno é logo ali...

Oremos Pois

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Por Que Não Agora?

Você conhece uma pessoa...Conversaram muito e esticam a noite até o possível... Na hora de ir para casa, surge o convite: "Dorme comigo essa noite?"

Milhões de pensamentos passam pela cabeça e vem um impasse: obedecer ao corpo e a própria vontade; ou pensar racionalmente e deixar para um outro dia... (quem sabe assim aumentando as chances de fazer com que a aventura se torne um relacionamento sério?)

Não dá para ser hipócrita, a melhor parte de se apaixonar é o sexo... Não há nada melhor do que estar encantada(o) com uma nova paixão a ponto de ficar tarada(o) só de sentir o cheiro dele (a) ou vê-lo piscar pelo msn...

E trepar (desculpem mas fazer amor é na maioria das vezes frase de novela) muito, ás vezes até esgotar... Sim, trepar! Diverte e fortalece o relacionamento...

(e se não usar anticoncepcional/preservativo reproduz também)

Mas a questão é: no primeiro encontro? Muitos ainda julgam as mulheres como fáceis, vagabundas e imaturas quando transam no primeiro encontro; Eu digo pelo contrário; penso que temos de ser bem maduras para realmente nos entregar na primeira noite – e não apenas beijar, esfregar ou penetrar corpos -... Sinto que o amor pode ser bem mais explorado quando estamos completamente nus, quando suamos e nos acabamos juntos... Quando o toque é desmedido e a mensagem irrestrita...

(cá entre nós, na maioria das vezes não me sinto confortável em passar vários encontros apenas beijando, como se fosse uma adolescente)...

Sexo é entrega, podemos nos entregar até em poucas palavras, ou nunca se entregar... Pode-se fazer sexo e não fazer amor; Pode-se estar nu, mas vestido em outras coisas...

Seja no primeiro encontro, com 10 dias, 3 meses e quem sabe 10 anos; sexo tem (quase) sempre o mesmo sabor; e, é conseqüência imediata... Nos entregamos porque sentimos que, de alguma forma o outro já nos possui...

Então, para que esperar pela segunda noite?...É preciso deixar acontecer, assim a entrega é natural, como se ela já tivesse existido... Como se não fosse a primeira vez...

Afinal se eu sei que é bom e você também sabe, por que não agora?


Obs.: Em tempos de dizer NÃO ao preconceito: não só à dois, como à três, A4 e outros papéis e formatos...É sempre desejo...E de alguma forma é sempre amor...

E que ninguém diga ao contrário...


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terça-feira, 1 de julho de 2008

I'm Back...

Semana passada em pleno príncípio de férias e pré-início de fim de semana, fui surpreendida por uma tração na retina...Sensação terrível de ficar quinze minutos enxergando apenas o que estava no canto direito do meu campo de visão... Devidamente diagnosticada e orientada, passei os três primeiros dias em casa, sem forçar a vista - forçar vista entenda-se ficar sem tv, dvd e monitor de laptop- ou seja ficar totalmente de molho...Como não dava para "forçar a vista", o que deveria se transformar em "férias do relax total" acabou virando momentos de tédio sem fim...

Como "cabeça vazia é oficina do cara lá de baixo" resolvi fazer algumas experiências...Renovei a cor do cabelo; usei casting creme gloss cor ameixa (L'oreal favor envie amostras como pagamento pelo mechandising); claro que, em cima dos meus fios negros, percebi que para ver a cor ameixa somente abrindo a geladeira...

Decidi tambem testar um gel redutor para combater celulites e flacidez... As instruções diziam para aplicar o produto na área a ser tratada e deixar por 15 minutos “ou até a sensação de resfriamento passar”... Segui tudo à risca, sem ter noção de que a tal sensação de resfriamento era simplesmente congelante e não passaria em menos de meia hora!

Com as cortinas fechadas para os vizinhos não testemunharem meu momento gel, coloquei um travesseiro no chão, ajoelhei e me apoiei na cama... Não sei se estou sendo clara, mas fiquei de bunda para cima por mais de 30 minutos, tremendo de frio...

Acho até que deu para pagar alguns dos meus pecados... Segundo ainda as tais instruções até o próximo fim da semana, tenho que reaplicar o gel...

Pensando bem e com a vista melhor, já voltei a trabalhar... Além disso, hoje tem filminho gostoso na tv, ler blogs de amigos queridos, novos amigos e desconhecidos...amanhã é quarta tem jantarzinho com amigo terapeuta, quinta acho que irei ao shopping com Zildinha, sexta tem festa junina da minha sobrinha, namorado chega de viagem no domingo...

?!?!?! Olhando assim de lado, não dá nem para perceber...


Hoje acredito que ficar de quina para a Lua não é o mesmo que nascer na referida posição?!?!?!